Aprendendo a pedir
Mateus 6.11
Introdução
Desde criança aprendemos um cântico “leia a Bíblia e faça
oração, se quiser crescer”. Simples e verdadeiro.
Os três primeiros pedidos de oração que estudamos na semana
passada são feitos por nós a respeito de Deus (“santificado seja o teu nome,
venha o teu reino e seja feita a tua vontade”). Vamos iniciar um
bloco de pedidos feitos por nós a nosso respeito. Meditaremos sobre três
princípios desse primeiro pedido “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje”
(v.11):
1. O princípio da moderação e do
equilíbrio – (o pão) Jesus ensina a pedir pelo pão. Todos nós temos
necessidades materiais para nossa sobrevivência e sustento. Ele incentiva que
apresentemos diante de Deus essas petições.
Deus sempre manifestou seu cuidado com a alimentação do seu
povo ao longo da história bíblica. Veja alguns exemplos:
- Nos dias de José, Deus
orientou sobre guardarem o alimento para os anos de escassez (Gênesis
41.33-36, 49)
- Nos dias do êxodo do Egito,
Deus enviava o maná diário (Êxodo 16.4 e 8)
- Nos dias de Rute Deus
enviava o alimento (Rute 1.6)
- Nos dias de Jesus,
multiplicou os pães duas vezes (Marcos 6.35-44; 8.6-10)
- Nos dias de Paulo a
provisão vem acompanhada pelo “trabalho tranqüilo” (1 Tessalonicenses 4.11
e 2 Tessalonicenses 3.11,12)
Contudo, devemos pedir o que é essencial (pão) e não coisas
supérfluas. Isso implica que nossas solicitações precisam estar voltadas a
nossas necessidades e não a meros desejos e caprichos. É claro que em uma
sociedade de consumo, muitas vezes os desejos ganham a força das necessidades.
Precisamos discernir do que podemos abrir mão para viver.
A crise mundial que vivemos nos dias de hoje nasceu com o
excesso de gastos supérfluos. Emprestaram o dinheiro que não tinham para gastar
com o que não precisavam.
Exemplo do monastério: Chega um convidado a passar uns dias
em oração no monastério. Ao ser amorosamente recebido, é encaminhado para sua
simples acomodação. Neste momento o monge fala com ele: ‘faça-me saber se
estiver faltando alguma coisa, pois ensinarei você a viver sem isso’.
Agur fez a seguinte oração: “não me dês nem a pobreza nem
a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu
farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e
profane o nome de Deus“ (Provérbios 30.8b, 9).
2. O princípio da confiança e
dependência – (de cada dia dá-nos hoje) Jesus ensina a pedir para o
dia de hoje. Com isso Jesus não está condenando a atitude de sermos precavidos
e fazermos provisão para o futuro, até porque muitos são os textos que nos
orientam nesta direção (Gênesis 41.33-36; Provérbios 6.6-8).
Sua exortação é que não sejamos ansiosos pelo futuro, como
que se o Pai Celeste não existisse ou não estivesse se importando (Mateus
6.25-32). Pedir pão não é incomodar a Deus, não é algo minúsculo, mas é um
reconhecimento da dependência de Deus para todas as coisas. Quando compartilho
com Deus o meu pedido, isso tira de mim a ansiedade, pois estou repartindo com
Deus o meu problema. Jesus fala para fazermos isso, mostra a maneira como o Pai
quer se relacionar conosco.
Lemos em Gênesis 3.8 que Deus andava no jardim e tinha
conversas com Adão e Eva. Mas naquele dia, ao perceberem que o Pai chegava -
pois reconheciam sua voz, seus passos, seus sons - eles se esconderam. Em certo
sentido, o pecado é a tentativa de viver a vida buscando a autonomia, a não
dependência de Deus.
Segundo Filipenses 4.6-7 e 19, o antídoto da ansiedade é a
petição de todas as nossas necessidades. Definitivamente só aprendemos a
descansar quando nosso coração é invadido pela confiança e dependência de Deus
em todas as coisas.
3. O princípio da sensibilidade e
generosidade – (nosso) Jesus ensina a pedir para a
coletividade: “dá-nos” e não “dá-me”. Nossa oração não deve estar voltada
somente às nossas necessidades.
Estamos ligados em uma comunidade com muitas pessoas que
preciso me importar e me interessar. Minha sensibilidade ao outro me levará à
oração. Minha generosidade me levará à colaboração. O fato é que a oração
aponta para a realidade que precisamos uns dos outros.
Nosso firme propósito de vivermos a realidade dos pequenos
grupos (células) é para ampliar nosso comprometimento uns com os outros.
No mesmo espírito do apóstolo Paulo, “enquanto tivermos
oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gálatas
6.10).
Conclusão
Pedir pão a Deus é nobre sinal de fé, mas mendigar pão ao
próximo é humilhante.
Nas palavras do salmista, “fui moço e já, agora, sou
velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o
pão” (Salmos 37.25).
Vamos crescer nesta oração!